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Almério arde no fogo das urgências e das levadas que pautam o revigorante álbum solo ‘Nesse exato momento’

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Almério arde no fogo das urgências e das levadas que pautam o revigorante álbum solo ‘Nesse exato momento’

Capa do álbum ‘Nesse exato momento’, de Almério Criação de Inês Costa e Thiago Liberdade Resenha de álbum Título: Nesse exato momento Artista: Almério Edição: Deck Cotação: ★ ★ ★ ★ 1/2 ♪ Quarto e melhor álbum solo de Almério, lançado em 12 de abril com capa assinada por Inês Costa e Thiago Liberdade, Nesse exato momento se desvia do tom corrosivo do anterior disco autoral gravado em estúdio pelo artista pernambucano, Desempena (2017). Tampouco reedita a crueza poética do cancioneiro de Cazuza (1958 – 1990), abordado por Almério no último álbum solo de estúdio do cantor, Tudo é amor – Almério canta Cazuza (2021). Nem por isso Nesse exato momento deixa de rodar em ponto de fervura como o disco mais quente de Almério. Ao longo das 12 faixas, o artista de 43 anos – nascido Almério Rodrigo Menezes Feitosa em 1º de novembro de 1980 na interiorana cidade de Altinho (PE), no sertão de Pernambuco – arde no fogo das urgências e das levadas que pautam o repertório inédito do disco gravado e mixado por Matheus Gomes no estúdio Tambor (RJ) com produção musical de Juliano Holanda, também responsável pelas guitarras e pela execução dos arranjos criados com Almério. O repertório tem várias músicas ótimas. Curiosamente, dois dos três singles que antecederam a edição do álbum Nesse exato momento – Boy magia (Almério, 2023), Quero você (Almério e Isabela Moraes) e Suspiro (Ana Paula Marinho) – jamais sinalizaram a força que irrompe no álbum desde que a primeira faixa, Laroyê (Almério), começa a tocar com baticum que saúda o encantamento e faz a música soar como abre-alas festivo. Faixa-alien do disco por estar imersa na calmaria da paixão romântica, Quero você roça a trivialidade das canções de amor e passaria despercebida no repertório se não tivesse sido valorizada pela nobreza do canto de Maria Bethânia, convidada de Almério em gravação amplificada na trilha sonora da novela Renascer (Globo, 2024). Já Suspiro, música gravada pelo cantor com Zélia Duncan, é – dos três singles – o que mais se aproxima da alta temperatura desse disco que flerta com o rock, o reggae e o brega entre faixas eventualmente embasadas com baticum evocativo dos ritmos festivos da nação nordestina. “Esse álbum é quem sou hoje e por isso mesmo é um renascimento”, conceitua Almério. E, nesse exato momento, o revigorado Almério pode ser “[...] Uma pele que se regenera / Uma cigarra saindo da casca / Uma vitória-régia”, como canta ao dar voz aos versos imagéticos de Uma inédita, composição de Juliano Holanda que se impõe como um dos pontos mais altos do disco em gravação que mixa guitarras e percussões na pulsação do rock – e a letra de Uma inédita mostra que, se quiser, Holanda pode prescindir de parceiros para escrever os versos das canções que tem feito em produção profícua. Música-título assinada por Juliano Holanda com Zélia Duncan, Nesse exato momento reitera a quentura e a urgência – inclusive de prazer – que pautam o disco em gravação feita com a adesão vocal de Chico Chico. Como o giro homoerótico de Boy magia pela noite do Recife (PE) já sinalizara, a pulsão sexual está entranhada em disco que fala muito do amor entre homens. “Faça o favor de levantar / Acampamento / Leve todo seu tormento / Que é seu vício de viver / [...] / Cara / Você é tóxico / Tóxico / Sai dessa tara”, manda Almério, ecoando Cazuza, nos versos imperativos do rock Tóxico, parceria do artista com o recorrente Juliano Holanda que também se impõe no repertório do disco. No mesmo alto nível, Antes de você chegar (Almério e Ceumar) dialoga deliciosamente com a estética do brega de Pernambuco, em faixa com a participação de Zé Manoel, enquanto Beijo beijo – mais uma música da inspirada safra de Almério com Juliano Holanda – espoca quente na cadência do reggae em gravação que junta Almério com as cantoras Juliana Linhares e Mariana Aydar. Masterizado de forma exemplar por Fábio Roberto no estúdio Tambor (RJ), o álbum Nesse exato momento evolui com o som lustroso, na pressão, com músicas que fluem muito bem, caso de Me conheço (Almério e Marcello Rangel). Já o frevo Malabares (Almério, Joana Terra e Ezter Liu) faz o Carnaval com o sopro dos metais em brasa orquestrados pelo trombonista Nilsinho Amarante. No arremate do disco, 15 segundos (Almério, Juliano Holanda e Damião Araújo) se situa entre a canção folk e o pop reggae com as vozes de Almério e Juliano Holanda irmanadas no canto de versos como “Tô pensando em tanta coisa / E nada ao mesmo tempo / Nado tanto, nado tanto que já nem penso”. A canção é aliciante, merece ser ouvida além dos 15 segundos protocolares do TikTok e reforça a impressão de que, nesse exato momento, o quarto álbum solo de Almério já pode ser apontado como um dos grandes discos de 2024. Almério lança o quarto álbum solo de estúdio, ‘Nesse exato momento’, com ótimas músicas como ‘15 segundos’, ‘Antes de você chegar’ e ‘Uma inédita'’ Renata Almeida / Divulgação

Publicada por: RBSYS

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