♪ OBITUÁRIO – À primeira vista, a presença de um quadro com foto de Anderson Leonardo (18 de agosto de 1972 – 26 de abril de 2024) na quadra do bloco carioca Cacique de Ramos – celeiro do grupo Fundo de Quintal e de sambistas projetados nacionalmente ao longo da década de 1980 – pode soar inusitada.
Afinal, o cantor, compositor e cavaquinhista carioca – morto hoje, aos 51 anos, em hospital da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ),vítima de complicações decorrentes de câncer inguinal – pertencia à outra geração do samba do Rio.
Mas, sim, Anderson Leonardo também frequentou o Cacique de Ramos e lá bebeu da rica fonte do samba carioca. Cria da Abolição, bairro da zona norte carioca, Anderson Leonardo apenas seguiu por outro caminho, em sintonia com a própria geração dos anos 1990.
O artista sai de cena, mas fica para sempre associado ao Molejo, grupo carioca de pagode do qual foi o principal vocalista. Anderson tinha a ginga do samba, o tal do molejo propriamente dito. Embora tenha sido formado em 1988, o grupo Molejo somente alcançou projeção na década de 1990.
Anderson Molejo – como o cantor era conhecido – foi ao lado de Andrezinho a voz desse grupo que caiu no suingue desde o primeiro álbum, Grupo Molejo, produzido em 1993 por Bira Haway – pai de Anderson – e lançado em 1994 com repertório que, entre sambas do bamba Arlindo Cruz, incluiu o sucesso Caçamba (Efson e Odibar, 1994).
No embalo do pagode dos anos 1990, o Molejo emplacou outros sucessos como Cilada (Délcio Luiz e Ronaldo Barcellos, 1996) – samba do terceiro álbum do Molejo, Não quero saber de ti ti ti (1996) – e Dança da vassoura (1997), parceria de Anderson com Délcio Luiz lançada no quarto álbum do grupo, Brincadeira de criança (1997).
Sem dar ênfase à sofrência do pagode romântico, o Molejo apostou mais na animação e seguiu em evidência por toda a década de 1990 com álbuns como Família (1998), mas a carreira do grupo perdeu impulso a partir dos anos 2000. O último disco do grupo, Molejo club, foi lançado em 2016.
Publicada por: RBSYS