♪ OBITUÁRIO – Morreu na manhã deste sábado Antonio Meneses (23 de agosto de 1957 – 3 de agosto de 2024). Ocorrida na Suíça, a 20 dias de Meneses completar 67 anos, a morte do violoncelista pernambucano – nascido no Recife (PE), filho de pai tocador de trompa, mas criado na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde o primeiro ano de vida – carrega em si uma particularidade típica do Brasil.
Ao mesmo tempo em que a saída de cena do músico brasileiro provoca lamento e luto no universo da música erudita em âmbito mundial, por se tratar de virtuoso instrumentista de renome no exterior, a morte do violoncelista talvez até seja alvo da indiferença de grande parte do povo brasileiro que soube dela pelas manchetes de portais de notícias.
Na triste realidade, é provável que muitos leitores até então nunca tenham ouvido falar de Antonio Meneses até se deparar com a notícia da morte do artista e, portanto, desconheçam que o músico foi um prodígio que em 1971, com 14 anos, já foi admitido na Orquestra Sinfônica Brasileira.
A questão é que Antonio Meneses logo entendeu (esclarecido por colegas mais experientes e realistas) que, para grandes músicos eruditos, a melhor saída no Brasil quase sempre é o aeroporto, de preferência com algum voo direto para a Europa. E lá foi Meneses, em 1974, com talento e ambição na bagagem, se aperfeiçoar (ainda mais) na Alemanha.
Iniciada em 1977, a carreira internacional de Antonio Meneses decolou ao longo da década de 1980. E no exterior Meneses permaneceu, prestigiado como um grande músico do Brasil, atuante no universo da música de câmara.
Integrante do grupo alemão de câmara Beaux Arts Trio de 1998 a 2008, Antonio Meneses deixa discografia seleta e relevante – tal como a atuação do violoncelista, celebrado pela união precisa de técnica e sensibilidade – em trajetória encerrada em julho deste ano de 2024, um mês após ser diagnosticado com o tumor no cérebro que o tirou de cena na manhã de hoje, para imensa tristeza de quem habita o mundo da música clássica.
Professor e violoncelista requisitado por grandes filarmônicas, Antonio Meneses deixa lições no improvável trajeto da vida que se fecha hoje juntamente com as cortinas.
Publicada por: RBSYS