Cantor é o headliner desta quinta-feira (19) de Rock in Rio em performance sozinho no palco. Com cifras impressionantes, ele é o maior representante do pop de playlist. Leia análise. Ed Sheeran se apresenta no Rock in Rio Lisboa 2024
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Ed Sheeran é um popstar pouco comum. Não dança como Bruno Mars. Não faz suspirar como Harry Styles. Não tem os conceitos de The Weeknd. Nem a marra de Drake. Sozinho no palco, o cantor inglês é o único artista com duas tours no top 10 de turnês mais lucrativas de todos os tempos.
É para defender esse título, o de um cara pacato dono de um grande show, que ele se apresenta no Rock in Rio nesta quinta-feira (19). Hoje, não é exagero dizer que Edward Christopher Sheeran é o maior cantor pop em atividade. Mas calma lá: há algumas explicações para essa afirmação.
Ao vivo, os filtros bregas nas imagens do telão e os discursos encabulados seguem fazendo parte de uma performance que tem o mesmo formato há mais de 15 anos. Ed reconstrói seus hits por meio de voz, violão e efeitos. Ele tem um equipamento que grava e reproduz os sons que faz.
Daí, vai fazendo diferentes batidas, coros, riffs e dedilhados. Assim, sobrepõe barulhos e camadas. É um formato de show que expõe todo o talento dele. Hoje, não existe show ao mesmo tempo tão econômico e tão impactante.
Rock in Rio 2024: o melhor do dia 19
Na primeira vez no Brasil, em abril de 2015, ele tocou em casas médias, com públicos de no máximo 8 mil pessoas. Em 2017, passou por estádios como o do Palmeiras e o Mineirão. Em 2019, quando veio pela última vez, os ingressos para shows em estádios esgotaram ainda mais rapidamente.
As cifras do cantor também são impressionantes. "Shape of You" é o clipe de cantor solo (sem feats) mais visto da história do YouTube com 6,3 bilhões de visualizações. Na lista de músicas mais ouvidas do Spotify em todos os tempos, Sheeran é o único artista com duas faixas: "Shape of you" e "Perfect".
Por que Sheeran faz tanto sucesso?
É fácil explicar esse fascínio de brasileirinhos e brasileirinhas, em boa parte entre 5 e 25 anos. O sucesso está na capacidade de misturar um pouco de cada estilo: pop dançante, rock acústico, baladas quase bregas, rap. Ed Sheeran é um dos artistas com menos medo de mesclar gêneros.
É natural que ele seja o maior cantor pop desta era na qual artistas e sonoridades se combinam por meio de featurings e do botão de ordem aleatória do Spotify. Ao conversar com os fãs, quase ninguém fala do visual do cantor: preferem falar sobre talento, afinação, sobre o show inegavelmente bom.
A maioria do repertório é tomado por baladas mais românticas como "Thinking Out Loud" e "Perfect". Mas existem momentos em que um Ed soltinho larga o violão e banca um rapper meio desengonçado, versando sobre noitadas, porres e outras histórias pouco românticas, como em "Don’t" e "Sing".
O irresistível pop de playlist
Ed Sheeran faz selfie com sua estátua de cera no museu Madame Tussauds, em Nova York
REUTERS/Shannon Stapleton
Ed Sheeran tem este talento de fazer um pop de playlist. As músicas parecem feitas para ter uma vaga no maior número de listas possíveis no YouTube, Spotify ou Deezer. Ed está cada vez mais sem rótulos, mas ao mesmo tempo consegue soar autêntico. O que é uma raridade.
Chamá-lo de autêntico, no entanto, não é um consenso. Pelo som meloso ou pela profusão de músicas milimetricamente dançantes e colantes, há quem tenha orgulho de dizer que odeia o simpático ruivinho.
Há também quem veja em Ed uma espécie de Phil Collins destes nossos tempos: alguém disposto a concessões, melosidades, parcerias e diluições para falar com o maior número de gente possível. A autenticidade de Ed tem a ver com o fato de ele sempre fazer shows sozinho.
Ed Sheeran comemorou seu aniversário em uma Pizza Hut, em Porto Alegre, em 2019
Reprodução/Facebook
Tem a ver também com o total desapego com o que se espera de um popstar. Uma foto de Ed Sheeran fazendo careta ao comemorar seu aniversário em uma Pizza Hut gaúcha ou na arquibancada do estádio do Ipswich Town, time do coração dele, poderia ser usada no verbete "artista low profile".
Se os fãs do cantor tivessem que definir Sheeran com uma frase gritada em programas de auditório, não escolheriam "Lindo, tesão, bonito e gostosão", algo ainda comum em shows teens. Ficariam com aquele bordão do Faustão: "Quem sabe faz ao vivo".
Publicada por: RBSYS