Cantor abre parceria com Jorge Vercillo na cadência do reggae, faz acalanto para filho descoberto em 2006, reforça a conexão com Zeca Baleiro e celebra Vander Lee no disco autoral ‘Além desse futuro’. Fagner lança o álbum ‘Além desse futuro’ na próxima sexta-feira, 2 de agosto, com oito músicas
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Capa do álbum ‘Além desse futuro’, de Fagner
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Resenha de álbum
Título: Além desse futuro
Artista: Fagner
Edição: Universal Music
Cotação: ★ ★ ★
♪ “Todas as canções que fiz, fiz por amor / Compositor da vida / Mesmo que pareça ser banal / É o sal do amor que irá curar / Nossa ferida”, pontua Fagner, ora sozinho, ora em dueto com Zeca Baleiro, parceiro e convidado do artista cearense em Noites do Leblon, uma das oito músicas de Além desse futuro, álbum com repertório inédito que Fagner lançará na sexta-feira, 2 de agosto, em edição da Universal Music.
Produzida por Baleiro, a faixa Noites do Leblon dá a pista certeira de Além desse futuro, disco batizado com o nome da balada romântica composta por Fagner em parceria com o poeta cearense Fausto Nilo. Parceiro recorrente no cancioneiro de Fagner, Nilo é o autor de versos como “Se a luz de um trem / Relembra meu ninguém / Perdido num sertão sem cor / Além do mundo em chamas / A gente ainda se ama / Além desse futuro, meu amor”.
Tônica do disco, o amor romântico afia a poesia de Ponta de punhal, balada de aura sentimental composta por Fagner com Toninho Geraes e Chico Alves com versos como “Solidão é ponta de punhal / Que me escancara o coração / Descortinando essa paixão tão desmedida / E ao me ver assim perdido e só / Uma saudade vem sem dó / E crava os dentes na ferida”, entoados pelo cantor com o toque da guitarra do músico cearense Cristiano Pinheiro (1965 – 2024), morto em 3 de julho, aos 59 anos.
Além desse futuro é o primeiro álbum solo de músicas inéditas de Fagner em dez anos. O último no gênero foi Pássaro urbano, disco de 2014. Só que, entre um e outro, Fagner lançou álbum de intérprete com canções de alma seresteira (Serenata, de 2020), reviveu o repertório de Luiz Gonzaga (1912 – 1989) em disco com Elba Ramalho (Festa, de 2021), abriu parceria com Renato Teixeira em álbum com o trovador paulista (Naturezas, de 2022) e celebrou o legado de Belchior (1946 – 2017) no tributo Meu parceiro Belchior (2022) – sem falar na edição de disco com registro de show feito por Fagner com Zeca Baleiro (Ao vivo em Brasília, 2002, disco lançado em 2020).
Dez anos após Pássaro urbano, o voo solo de Fagner é feito em tons outonais. Disco de repertório que enfrenta o risco da trivialidade, Além desse futuro se confunde com a história pessoal de Fagner no acalanto Filho meu.
Parceiro letrista de Graco em um dos maiores sucessos de Fagner, Noturno (1979), Caio Silvio escreveu os versos da cantiga de ninar com inspiração no fato de, em agosto de 2006, Fagner – então com 57 anos – ter descoberto ser pai do advogado Bruno Tocantins, então com 32 anos. Filho meu é um acalanto tardio de Fagner para Bruno.
Caio Silvio também é parceiro de Fagner em Recomeçar (2 rios), canção também assinada por Aulo Braz. A letra prega resiliência diante do fluxo inexorável da vida em versos como “Seguir, viver / Recomeçar / Que o pó da vida / É o caminhar / O amor nem sempre ao nosso alcance / Podemos ser felizes sem romance”.
Única música do disco sem a assinatura de Fagner, Onde Deus possa me ouvir (2002) é melancólica canção do compositor mineiro Vander Lee (1966 – 2016). Com o toque da bateria de Rick Bonadio, responsável pela mixagem das oito faixas do álbum Além desse futuro, Fagner faz abordagem correta da canção de Vander, (mal) lançada na voz de Gal Costa (1945 – 2022) no álbum Bossa tropical (2002) e elevada na gravação lapidar feita por Leila Pinheiro para o álbum Nos horizontes do mundo (2005).
Já Amigo de copo abre a parceria de Fagner com Jorge Vercillo na cadência do reggae. Vercillo toca violão na faixa e divide com Fagner o canto da letra que cita Manera, fru fru, manera, título do primeiro álbum de Fagner, lançado em 1973.
Parceria de Fagner com Zeca Baleiro e Erasmo Dibel, compositor maranhense associado ao reggae, Besta fera é a canção que encerra o álbum Além desse futuro com arranjo amplificado pela guitarra de Cristiano Pinho e com lampejos da densidade da discografia de Fagner nos anos 1970.
Entre canções mais ou menos bonitas, Raimundo Fagner se aproxima dos 75 anos – a serem festejados em 13 de outubro – com um disco de músicas inéditas em que o artista expõe olhar maduro para o futuro, pregando amor e resiliência, mesmo que pareça soar banal.
Fagner regrava a canção ‘Onde Deus possa me ouvir’ (2002), de Vander Lee (1966 – 2016), no álbum Além desse futuro’
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Publicada por: RBSYS