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‘O quarto’ de Partimpim fica bem mais animado quando Adriana Calcanhotto deixa a menina brincar sozinha...

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‘O quarto’ de Partimpim fica bem mais animado quando Adriana Calcanhotto deixa a menina brincar sozinha...

A recriação de hit da banda Jovem Dionísio e a lembrança de hilária versão de rock dos Beatles sobressaem em disco que oscila em oito faixas. Capa do álbum ‘O quarto’, de Adriana Partimpim Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: O quarto Artista: Adriana Partimpim Cotação: ★ ★ ★ ♪ Adriana Partimpim é menina esperta. Tem ótimas sacações desde que veio ao mundo há 20 anos com disco gracioso que seduziu crianças de todas as idades em 2004. Partimpim somente perde a graça quando dá voz à criadora dela, Adriana Calcanhotto, cantora e compositora também esperta, dona de escrita e canções de fino trato que encantam o mundo adulto. No álbum O quarto, disponível desde 10 de outubro via Sony Music, Partimpim acerta quando mira no público-alvo infantil. E erra quando deixa Calcanhotto entrar no quarto e atrapalhar a brincadeira. Como o samba Malala (O teu nome é música) – composto por Calcanhotto em 2018 para peça baseada em livro sobre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai – já deixara claro no single editado em 1º de outubro, Calcanhotto faz Partimpim cantar música para gente grande. Ora personificada na forma de boneca de olhos vívidos, Partimpim insiste no erro quando, dominada pela criadora, grava a canção Estrela, estrela (Vitor Ramil, 1981) como se fosse Calcanhotto, em gravação feita com o pensamento voltado para o povo gaúcho vítima das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. Há beleza e sensibilidade na gravação, mas é Calcanhotto, e não Partimpim, quem está ali. É Calcanhotto também quem mergulha em Atlântida, música de Rita Lee (1947 – 2023) e Roberto de Carvalho, lançada por Rita no álbum Saúde no mesmo ano de 1981 em que Gal Costa (1945 – 2022) iluminou Estrela, estrela. Atlântida reaparece imersa com sutileza nas águas do reggae, embasada pela trama dos tambores de Luizinho do Jêje, percussionista arregimentado por Pretinho da Serrinha, produtor musical do quarto álbum de estúdio de Partimpim, gravado de maio a agosto deste ano de 2024 nos estúdios Cia. dos Técnicos e Visom, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Os vocais que abrem e fecham a gravação com “chuá chuá” são insuficientes para dar a Atlântida o espírito lúdico que anima O meu quarto (Adriana Calcanhotto), faixa já lançada em single – juntamente com o samba Malala – que traduz com precisão as intenções de Partimpim de inventar um mundo. Quando Calcanhotto deixa a menina brincar sozinha, O quarto fica bem mais animado. Que delícia é reouvir O bode e a cabra na pisada do baião! Escrita pelo compositor Renato Barros (1943 – 2020), a hilária versão do rock dos Beatles I want to hold your hand (John Lennon e Paul McCartney, 1963) foi lançada há 60 anos no álbum The rebels (1964), do pioneiro grupo paulista The Rebels. Rita Lee tentou incluir O bode e a cabra no álbum em que cantou versões em português de músicas dos Beatles, Aqui, ali, em qualquer lugar (2001), mas, sem autorização, teve que se contentar em cantar a música em show visto por Calcanhotto. Mais de 20 anos depois, Partimpim acerta o tom dessa faixa forrozeira formatada com o acordeom de Kiko Horta e o arsenal percussivo típico do gênero ((zabumba, triângulo, ganzá, pandeiro, queixada e agogô de castanha) tocado por Durval Pereira. Partimpim também foi bem-sucedida ao trazer para o universo infantil Tô bem (Bernardo Pasquali, Bernardo Derviche Hey, Gabriel Dunajski Mendes, Gustavo Karam e Rafael Dunajski Mendes 2024), sucesso da banda paranaense Jovem Dionísio. Direcionada para o TikTok, rede social em que a música despontou em maio, a faixa tem menos de dois minutos e flui bem na cadência de samba suave com cavaquinho, tamborim, cuíca e surdo percutidos por Pretinho da Serrinha. Sobra em Tô bem a graça que escasseia em Boitatá, parceria de Marisa Monte com o filho Mano Wladimir e com Arnaldo Antunes. Com a levada do maracatu, Partimpim narra a lenda / fato real de Marisa ter medo do Boitatá, cobra de fogo que protege as florestas. Nem o fato de Arnaldo fazer a voz da cobra com medo de Marisa – em timbre cavernoso – consegue fazer Boitatá sobressair no disco. A música não empolga. Tampouco cativa Os funis, música insossa feita por Cid Campos a partir de versos do poeta alemão Christian Morgenstern (1871 – 1914), traduzidos para o português por Augusto de Campos. Enfim, o álbum O quarto tem tons variados e nem todos se harmonizam com a estética de Partimpim. No show previsto para 2025, Adriana Calcanhotto precisa deixar Partimpim livre para essa menina esperta inventar o próprio mundo... Adriana Partimpim lança o quarto álbum de estúdio com oito músicas gravadas com produção de Pretinho da Serrinha Divulgação

Publicada por: RBSYS

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