Nascido em Belo Horizonte e tido como ‘padrinho artístico’ de Milton Nascimento, artista foi pioneiro ao bancar em 1958 a produção do primeiro disco independente do mercado fonográfico brasileiro. Pacífico Mascarenhas (1935 – 2024), músico e compositor mineiro que morreu aos 88 abos na manhã de hoje, 9 de abril, em Belo Horizonte (MG)
Reprodução / TV Globo
♪ OBITUÁRIO – A bossa nova nasceu oficialmente na cidade do Rio de Janeiro (RJ), mas parte expressiva da gestação aconteceu em Diamantina (MG), cidade mineira onde João Gilberto (1931 – 2019) burilou a batida diferente do violão que faria a revolução em 1958.
Compositor e músico nascido em Belo Horizonte (MG), Pacífico Mascarenhas (21 de maio de 1935 – 9 de abril de 2024) estava perto de João na gestação da bossa nova em Diamantina (MG) por volta de 1956.
Por isso, o violonista e pianista vem sendo caracterizado como “o pai da bossa mineira” nos títulos de vários obituários do artista, cuja morte aos 88 anos – ocorrida na manhã de hoje, de causa não revelada pela família – joga luz sobre a trajetória artística deste violonista e pianista que, nos anos 1960, integrou o conjunto instrumental Sambacana, no qual Milton Nascimento e Wagner Tiso fizeram gravações seminais quando ainda se enturmavam no Rio de Janeiro (RJ). Por isso, Pacífico costuma ser apontado como o “padrinho artístico” de Milton.
Antes, em 1958, no mesmo ano em que a bossa nova de João Gilberto causou sensação, Pacífico Mascarenhas também fez história na música brasileira ao lançar o primeiro disco independente do mercado fonográfico nacional, Um passeio musical, editado em LP e, após 53 anos, reeditado em CD pelo selo Discobertas.
Pacífico Mascarenhas bancou por própria conta e risco a produção e a gravação desse álbum em que o grupo denominado Paulinho e seu Conjunto apresentou 14 músicas compostas por Pacífico. Gravado no estúdio da Companhia Brasileira de Discos, no Rio de Janeiro (RJ), o disco Um passeio musical teve prensadas 880 cópias que tiveram circulação restrita a Belo Horizonte (MG).
Foi, aliás, na cidade natal, que Pacífico debutou na música fazendo serenatas para as moças quando integrava a Turma da Savassi, grupo formado por rapazes que se encontravam em praça na região da Savassi, assim batizada com alusão ao nome de badalada padaria e confeitaria da capital mineira.
Pacífico não somente fez parte da turma como compôs canções que, de certa forma, foram a trilha do grupo. Uma delas, Dia sorrindo na Savassi, integrou o repertório do álbum Belo Horizonte que eu gosto (2003), disco composto com inspiração na cidade natal e lançado há 21 anos pelo artista.
Além do Conjunto Sambacana, Pacífico Mascarenhas teve músicas gravadas pelo pianista Luiz Eça (1936 – 1992), pelo grupo Os Catedráticos e pela cantora Isaura Garcia (1923 – 1993), entre outros nomes.
Pacífico Mascarenhas será velado amanhã, 10 de abril, das 8h às 14h, em salão do Minas Tênis Clube, do qual foi sócio diretor por cerca de 30 anos.
O enterro do corpo do artista está programado para as 15h no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte (MG), cidade à qual a bossa e a serenata de Pacífico Mascarenhas estarão para sempre associadas.
Publicada por: RBSYS