Ao vivo, banda vai além da pose e se garante com bons arranjos vocais, solo de flauta, roupas de brechó e discurso pomposo. Som indie rock épico e hippie encantou crítica internacional. A banda inglesa The Last Dinner Party
Divulgação/Universal
Uma cena no show do The Last Dinner Party resume bem duas descrições exageradas que perseguem essa banda formada por cinco inglesas, a maior aposta do rock neste ano.
A cena
No fim do show, ao cantar “Nothing Matters”, a vocalista Abigail Morris se aproxima da baixista Georgia Davies e se escora nela. Com carinha desleixada, começa a rir e passa o microfone para a companheira de banda cantar uma parte do refrão.
O g1 viu essa cena ao vivo no Brooklyn Steel, em Nova York, no fim de março. Depois, porém, viu que esse improviso não é tão orgânico assim: ele se repete outras vezes, com certas variações, em outras apresentações.
Abigail Morris, vocalista do The Last Dinner Party, leva o microfone para a plateia em show recente
Divulgação/Facebook da banda
A primeira descrição
A performance é cativante, embora tenha outros momentos calculados como esse. Em 50 minutos de show, o quinteto mostrou por que está em quase todas as listas de promessas musicais da imprensa internacional para 2024.
Hoje, The Last Dinner Party é a banda mais badalada dentre as novidades do pop e rock. Após shows concorridos em palcos menores do Coachella e do Glastonbury, elas caberiam bem no cartaz das edições brasileiras do Primavera Sound ou do Lollapalooza.
A segunda descrição
Por outro lado, a banda já foi acusada de ser uma “industry plants”, termo pejorativo para descrever artistas que despontam devido a suas conexões com a indústria musical. O adjetivo vale ainda para grupos criados por empresários ou com integrantes que vieram de famílias ricas.
A vocalista já teve que responder mais de uma vez sobre esse assunto. Basicamente, disse que elas não tiveram que batalhar menos na cena roqueira londrina por terem estudado em escolas caras. “A banda não foi criada como um grupo feminino de K-pop. A gente se conhece desde os 18 anos”, explicou.
Ok, mas como é o som?
O quinteto inglês The Last Dinner Party
Divulgação/Universal Music
The Last Dinner Party faz um som bem art indie rock. O rótulo faz sentido para uma banda vestida com roupas de brechó que pede silêncio aos fãs durante um solo de flauta (e a maioria atende ao simpático “shhhh”). Elas tocam um rock mais alternativo, mas também épico e pomposo. É hype e hippie, perfeito para quem gosta de Florence and the Machine, Kate Bush e Queen.
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A descrição parecia perfeita para encantar a crítica inglesa. E foi o que aconteceu. Na famosa lista da BBC Radio 1, elas ficaram no primeiro lugar, o mesmo posto que já foi ocupado por 50 Cent, Adele e Sam Smith.
Ao vivo, vai além da pose e se garante na performance. Os arranjos vocais são um dos destaques: com exceção da baterista, que não é integrante oficial, as cinco cantam. E cantam bem. É o caso de “Beautiful boy”, a versão ao vivo que mais impressiona na parte vocal.
Lá pelo meio do show, Abigail começa a apresentar a banda, falando de propósito de uma forma super ultra empolada. Os gracejos causariam preguiça em algumas pessoas, mas quem estava no show suspirou a cada frase que parecia retirada de um livro da Jane Austen.
VÍDEO: The Last Dinner Party e mais apostas de 2024
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Publicada por: RBSYS